Powered By Blogger

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Mecanismo de Funcionamento dos Esteróides

Desenvolvidos na década de 1950, os anabolizantes ou esteróides anabólicos são produzidos a partir do hormônio masculino testosterona, potencializando sua função anabólica, responsável pelo desenvolvimento muscular, e reduzindo o efeito androgênico, que responde pelas características masculinas, como timbre de voz, pêlos do corpo, crescimento de testículos. Quando administrada no organismo, essa substância entra em contato com as células do tecido muscular e age aumentando o tamanho dos músculos. Em doses altas, os anabolizantes aumentam o metabolismo basal, o número de hemácias e a capacidade respiratória. Essas alterações provocam uma redução da taxa de gordura corporal. As pessoas que os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício físico. Sem grandes esforços, elas atingem a meta de mudar a aparência rapidamente e a um preço acessível — uma ampola custa em média R$ 7 nas farmácias do país.
Embora essas drogas venham com uma tarja na embalagem alertando que o produto deve ser usado com indicação médica, no Brasil qualquer pessoa pode comprá-las sem receita em farmácias e academias. Nos Estados Unidos, onde o controle é rigoroso, esses produtos são comercializados basicamente no mercado negro, que chaga a movimentar quase US$ 1 bilhão por ano. Na França, na Dinamarca e em Portugal quem for pego com uma caixa de anabolizantes sem prescrição médica pode ser preso. "A solução não está em proibir a comercialização dessas drogas. É preciso encontrar um meio de combater o uso irresponsável e indiscriminado, feito com fins meramente estéticos", afirma o farmacologista Elisaldo Carlini, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e ex-secretário de Vigilância Sanitária na gestão Adib Jatene no Ministério da Saúde. Carlini alerta que muitos dos anabolizantes consumidos pelos jovens brasileiros têm uso veterinário no exterior. Estudos científicos mostram que o uso inadequado de anabolizantes pode causar sérios prejuízos à saúde, como problemas cardíacos, hipertensão arterial, distúrbios psicológicos provocados pelo aumento da agressividade, complicações hepáticas e redução de hormônios sexuais. Nos homens, pode haver diminuição na produção de espermatozóides, além de atrofia dos testículos e aumento das mamas. As mulheres podem apresentar aumento do clitóris e crescimento excessivo de pêlos. A lista dos prejuízos é extensa e incompleta porque, como não há controle, os jovens e atletas usam doses cavalares da droga, e efeitos colaterais desconhecidos ainda podem aparecer. "O mais preocupante é que os usuários sabem disso, mas ainda assim estão dispostos a correr o risco. É abuso de drogas mesmo", denuncia o farmacologista da Unifesp. Doses cavalares "Sabe-se que os jovens tomam de quatro a quarenta vezes a dose médica normal dos anabolizantes", afirma o pediatra e endocrinologista Pedro Solberg, professor livre-docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mas conscientizá-los dos perigos dos anabolizantes é tarefa árdua. Muitos efeitos colaterais, como o infarto, demoram alguns anos para se manifestar, e outros, como a agressividade, são reversíveis com a suspensão do medicamento. "A maioria dos jovens toma anabolizantes por indicação de amigos. E se seus colegas não sofreram nada, eles acreditam que nada vá acontecer também", diz a endocrinologista Maria Lúcia Fleiuss de Farias, professora adjunta da UFRJ e presidente de regional do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Falar sobre os riscos dos anabolizantes torna-se ainda mais difícil quando a indicação da droga é feita pelo próprio professor da academia ou pelo médico, o que não é incomum. "Um estudo feito nos Estados Unidos mostrou que o adolescente começa a tomar anabolizantes influenciado em primeiro lugar pelos amigos, depois pelo farmacêutico, em terceiro pelos professores e treinadores e em quarto pelo médico. Esse jovem nunca vai pensar que a droga pode trazer prejuízos se foi o próprio médico que indicou", destaca o especialista em Medicina do Exercício Cláudio Gil Araújo, presidente da Comissão de Educação da Confederação Pan-americana de Medicina Desportiva. Consumo alarmante Pesquisa feita pela Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) dirigida a profissionais ligados à atividade física, médicos, professores, treinadores, atletas e estudantes da área mostrou que a grande maioria dos 288 entrevistados (71%) concorda que o uso de anabolizantes vem crescendo de forma alarmante no Brasil, sobretudo entre adolescentes. "Eles querem mostrar-se fortes, musculosos, para obter destaque social, mas a maioria nega o uso de meios artificiais para conquistar essa performance" constata o professor de treinamento desportivo Fernando Vítor Lima, que coordenou a pesquisa. A consulta mostra que 75% dos entrevistadores acreditam que se o usuário declarar que usa anabolizantes para fins estéticos será discriminado nos meios esportivos. Entre atletas, esse uso é ainda mais condenado: 98% dos consultados acham que é uma forma desleal de competição. Nas contas de Lima, para se obter um físico musculoso, forte e bem-definido, é preciso um treinamento sistemático, intenso, durante pelo menos um ano. Os anabolizantes aceleram esse processo, produzindo resultados semelhantes em apenas dois meses. Mas para manter a musculatura obtida artificialmente, é preciso continuar consumindo a droga. "Quando se interrompe o uso, perde-se muito rapidamente o que se conquistou por esse meio. Manter um corpo musculoso torna-se então quase um vício", deduz o pesquisador da UFMG, que também é professor de musculação da academia Wall Street Fitness, em Belo Horizonte. Nas academias de musculação e nos grupos que praticam artes marciais, principalmente, o comércio dessas drogas cresce a cada dia. Em alguns locais do Rio de Janeiro o uso dos anabolizantes é tão disseminado que os alunos se matriculam e levam a caixa do remédio na primeira aula. "O consumo pelos jovens já é uma epidemia" confirma Pedro Solberg. Fernando Lima denuncia a comercialização desses medicamentos por pessoas leigas, que prescrevem altas dosagens de forma totalmente irresponsável. Nos meios competitivos, esse vício também se expande, e os atletas já conseguem desenvolver mecanismos de burlar os exames antidopping. Para se ter uma idéia, nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1986, dos 1.480 exames feitos para testar o uso de anabolizantes, apenas sete confirmaram a presença dessa substância. Uma pesquisa realizada em 125 farmácias de Vitória (ES), entre abril e maio de 1993, constatou que foram vendidas 2.409 caixas de anabolizantes no período. "Só que 1.788 caixas (74%) foram compradas sem receita médica. E as outras 330 caixas foram vendidas com prescrição, o que também é estranho, já que a indicação de anabolizantes é muito restrita", afirma o médico especializado em esportes Luciano Resende, que chefiou o estudo e é também coordenador do controle antidopping da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no Espírito Santo. A indicação médica de anabolizantes se restringe a pouquíssimos casos. O hipogonadismo, doença em que o homem tem uma baixa produção de testosterona (hormônio masculino) é um deles. Doentes com câncer terminal muitas vezes também fazem o uso do remédio para ganhar peso.

Um comentário:

Unknown disse...

Fiz uma breve avaliação achei bem legal...parabéns ai pro grupo !!

Abraços Pedro Pimentel